quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Nós tínhamos o costume ...

... de nos sentarmos em frente a lareira toda vez que o tempo mudava, daquele calor infernal; para um frio estremecedor. Ficávamos ali, conversando, as vezes nos encarávamos, e do nada caiamos no riso. Ele sempre com aquele sorriso que fazia meu coração disparar de uma forma anormal. Uma taça de vinho pela metade, almofadas e cobertas espalhadas pelo chão. Uma música lenta de fundo, mas eu nunca conseguia prestar atenção em qual era, eu me focava nele, como sempre. Quando não havia mais nada a ser dito, eu me aproximava e deitava em seu peito, era uma sensação boa, ouvir as batidas de seu coração; elas ficavam frenéticas com a minha aproximação. Era aconchegante ficar ali, poderia se passar horas e horas, o som da respiração dele me fazia adormecer. Quando despertava, eu sempre estava deitada na cama, e me perguntava como fui parar ali. Meu cabelo estava sempre emaranhado - me perguntava o porquê do cheiro de torradas queimadas e café. Me levantava lentamente, e ia em direção ao banheiro, e sempre acabava pasma ao me olhar no espelho me perguntando “passou um trator em cima de mim, só pode” escovava os dentes rapidamente, e tentava sempre dar um jeito no ninho que chamava de cabelo. Descia as escadas delicadamente, não queria fazer barulho, ia em direção à cozinha, e lá estava… Todo atrapalhando, na tentativa falha de fazer um café da manhã descente. Uma xícara de café sobre a mesa, um cigarro queimando ao lado, e tentando fazer as minhas torradas favoritas. Eu sempre dava uma risada, e ele me observava. Era incrível a forma que ele largava tudo, e vinha em minha direção, me dava um beijo e sussurrava “bom dia”, a voz dele fazia com que eu me arrepiasse inteira em segundos. Ele sempre me oferecia uma xícara de café, tentando fazer o melhor que conseguia, eu pedia para assumir o posto e ele ria. Eu começava pelo começo, fazendo novamente um café, porque o dele sempre sem gosto. Ele chegava por trás, me abraçava, apoiava a cabeça em meu ombro e dizia tudo que eu precisava ouvir - ele tinha o prazer de me desconcentrar, ficava sem rumo, só com aquela voz. Comíamos em silêncio, as vezes pegava-o me encarando. Aqueles olhos protetores, brilhavam quando iam de encontro aos meus. Íamos em direção à sala, deitávamos no sofá, e ficávamos vendo as besteiras que tinha na televisão; ele sempre foi tão brincalhão, me mordia, apertava, e fazia qualquer coisa pra tirar um sorriso de mim. Eu tinha uma teoria sobre você, você era feito exatamente pra me completar.

- Autor Desconhecido.


"A procura do meu Anjo de Marfim..."

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